Vivemos em uma época em que, em comparação ao passado, desfrutamos de muito mais conforto. As pessoas que trabalham hoje, ao menos, têm a oportunidade de aproveitar um final de semana de descanso, uma realidade distante para aqueles que, em tempos anteriores, quase não tinham sequer horas de folga. No entanto, essa melhora nas condições de vida não é um termômetro para a felicidade. A fragilidade de acreditar que a vida deve algo a alguém leva à paralisia das forças, fazendo com que as pessoas permaneçam muito tempo pensando em si mesmas, ao invés de agir e isso leva a melancolia, à depressão, patologia da atualidade.
A verdadeira prosperidade surge da ação diária e do aprendizado e mais ação novamente. Encarar a vida exige esforço, suor e lágrimas. Quando ficamos parados, corremos o risco de ficar estagnados, enquanto as águas se mantêm claras quando estão em movimento, interagindo com outros córregos até se tornarem rios. Nós também devemos nos mover; contudo, ao enfrentar os primeiros obstáculos, é fundamental entender que isso não significa que alguém está contra nós – seja o sistema, um pai ausente ou um cônjuge. Para superar as dificuldades, precisamos conquistar a bravura e deixar de lado a mentalidade de vítima.
No livro “A Luta do Adulto Contra o Paraíso da Infância”, a psicoterapeuta analítica Marie-Louise Von Franz explora o conceito de Puer Aeternus, identificando adultos que se negam a crescer. Essa resistência ao trabalho e às relações, bem como a dificuldade em abandonar os sonhos e fantasias da adolescência, são desafios que muitos enfrentam. Von Franz incentiva as pessoas a trabalharem sua personalidade, a reconhecerem esse aspecto de si mesmas e a direcionar produtivamente sua energia.
Friedrich Nietzsche, por sua vez, desprezava o homem fraco, acreditando que a humanidade deveria se nutrir para alcançar seu máximo potencial de força e virtude. Parar no caminho é a maior covardia que podemos cometer contra nós mesmos, pois isso significa colocar nossa inteligência a serviço do fracasso dia após dia. Isso também é treinar para ser fracassado. Ficar desfrutando na zona do conforto vai te enrijecer na força da vontade. Em vez de enfrentar bravamente as adversidades, muitos se contentam com prazeres momentâneos, acumulando dopamina barata, enquanto deveriam se colocar a serviço do próximo e do universo ao redor. E isso exige comprar dopamina cara. Se por em movimento e alcançando seu processo de individuação, conceito de Carl Gustasv Jung, referindo-se ao desenvolvimento psicológico do indivíduo em direção à sua totalidade e autenticidade. Esse processo envolve a integração de diferentes aspectos da personalidade, incluindo os conscientes e inconscientes, criando um “eu” coeso e equilibrado.
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Desistir sim é entregar-se à derrota, enquanto caminhamos são apenas batalhas a serem enfrentadas. Enquanto continuamos a caminhar, surgem oportunidades de crescimento, aprendizado e lições valiosas. É preciso lembrar que tudo na vida exige sacrifícios. No entanto, os resultados obtidos por aqueles que se atrevem a enfrentar os embates e se encantam por superá-los trazem uma satisfação inexplicável.
Portanto, nesta era de conforto, é essencial agir. Confrontar as dificuldades com coragem e determinação nos levará a um caminho de verdadeira prosperidade, onde o aprendizado e as conquistas fazem parte da jornada. Aproveitemos a oportunidade de nos tornarmos adultos que reconhecem sua força e buscam incessantemente o crescimento.
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