A transformação de uma nação, de uma sociedade e até mesmo de um lar inicia-se com a autoliderança e a capacidade de autogoverno de cada indivíduo. Neste ano, as novas eleições para prefeito despertaram em mim um turbilhão de emoções, como sempre acontece, pois anseio pela superação de um ambiente nocivo, marcado pela corrupção e por crimes que ferem o bem público. Milhares de vidas são perdidas anualmente, e muitas poderiam ser radicalmente transformadas se os líderes ocupantes de cargos públicos não se omitissem e se comprometessem com a realidade ao seu redor.
Esse é um assunto particularmente delicado para mim. Desde os 17 anos, atuei como voluntária em ações sociais, interagindo com pessoas em situações de vulnerabilidade. Essa experiência me fez perceber quão palpável é a luta diária por dignidade e reconhecimento. No entanto, invariavelmente, acabamos normalizando certas situações. É doloroso ver crianças fora da escola, ou aquelas que, mesmo frequentando, não conseguem se formar adequadamente. Os valores familiares, muitas vezes, são desvalorizados, e a nova ordem parece incentivar a superficialidade nas relações, sem promover o verdadeiro respeito e convivência.
Na área da saúde, a falta de prevenção resulta em altos índices de mortalidade, muitas vezes associados à omissão de socorro ou à escassez de condições adequadas de atendimento. No coletivo, a comparação muitas vezes se revela infrutífera; o que realmente importa é a construção de uma vida digna. Por exemplo, é frustrante pagar impostos exorbitantes enquanto testemunhamos uma nação que não proporciona saúde de qualidade, com hospitais e escolas que atendem adequadamente a sua população.
Como cidadãos de uma sociedade, deixamos nossos bairros, cidades e país à mercê do descaso. O que vemos são ambientes sujos, perigosos e pessoas marginalizadas, mesmo com os valiosos recursos que possuímos. A responsabilidade pela mudança recai sobre nós, e depende de cada um de nós buscar o cenário desejado, iniciando pelo verbo do singular: ‘eu’.
O grande desafio individual é frequentemente estarmos desgovernados em nossa essência, permitindo que fatores externos definam quem realmente somos e o que podemos construir. Em minha trajetória, como indivíduo que forma um lar, deparo-me com a importância de unir-se a um parceiro que compartilhe valores e princípios, construindo assim uma relação sólida baseada no amor e respeito mútuo. É no convívio familiar que aprendemos a respeitar uns aos outros e a criar laços significativos.
O poder de desenvolver pessoas está diretamente ligado à capacidade de resolver conflitos, resistir à pressão, tomar decisões e cultivar relacionamentos. Viver plenamente e desfrutar de uma vida saudável depende da força e coragem de encarar nossos ideais de vida, compreender nossos limites e aprender com os fracassos. Investir energia em distrações apenas nos traz desperdício de tempo e resultados ruins. Ao ignorarmos isso, corremos o risco de ter saúde arruinada, famílias destruídas e problemas financeiros, além de nos ressentir com o mundo e nos apegar a ídolos feitos de areia.
Todos esses fatores, sejam individuais ou coletivos, exigem uma conduta de autoconsciência. Ser líder de si mesmo é fundamental para dirigir a vida dos que nos cercam. Inspirar não significa hesitar diante dos conflitos, mas, ao contrário, desejar o desenvolvimento dos outros enquanto nossas próprias conquistas se multiplicam através de nossas ações. Precisamos vencer a mediocridade, a falta de comprometimento e superar o medo, que frequentemente se apresenta na forma de inércia, procrastinação, desorganização, omissão, negatividade, murmuração, incerteza, mentira e solidão.
Embora os exemplos de líderes negativos sejam mais visíveis, é crucial lembrar que toda mudança começa e termina em nós mesmos. O verbo que deve ser conjungado para transformar o nosso estado mental é a ação. Essa transformação exige um esforço diário no aprimoramento de nossos valores, crenças e pensamentos, permitindo-nos evoluir como seres em constante aperfeiçoamento. Tudo é possível, desde que não subestimemos o valor do longo prazo e comecemos a agir agora.
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